Brasileiros são conscientes da importância de reciclar, mas não destinam lixo

O Brasil ainda caminha a passos lentos para aprimorar a reciclagem de resíduos sólidos. Com poucas políticas públicas voltadas ao setor, a quantidade de lixo enviados para locais inadequados apresentou crescimento em 2017. Criada em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) também encontra dificuldades para ser implantada integralmente.

Além dos danos com o meio ambiente, o país também registra perdas econômicas com a questão. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) apontou que 45 milhões de toneladas de materiais com condições recicláveis foram enviados para lixões. Se fossem destinados às cooperativas de reciclagem, eles poderiam movimentar mais de R$ 3 bilhões por ano.

Destacando o reaproveitamento de materiais sólidos como forma de contribuir com a geração de empregos no país, o deputado federal Danilo Forte (PSDB-CE) ressaltou os danos à saúde pública causados pela falta de cuidado. “O acúmulo de lixo nas vias públicas e a falta de reciclagem geram doenças. O principal problema é a questão sanitária, que está colocando nossos indicadores de saúde pública entre os piores”, apontou.

O parlamentar tucano também cobrou a integral aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada após mais de 20 anos em tramitação no Congresso Nacional, como forma de melhorar o processo. Com o intuito de regulamentar e organizar a forma com que o país lida com o lixo produzido, o texto previa, por exemplo, que a partir de 2014 não haveriam mais lixões no Brasil. Entretanto, a meta estipulada ainda não foi alcançada.

“A PNRS era para estar em vigor desde 2010 e nós estamos concluindo quase uma década de adiamentos. Espero que haja uma conscientização maior e que o Ministério Público remonte todas as exigências feitas na década passada para evoluirmos a lei de tratamento de resíduos”.

Nos últimos dois anos, a quantidade de resíduos enviadas para lixões cresceu 3%, segundo dados do último relatório Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil, divulgado em agosto pela Abrelpe. Publicado há 15 anos, o documento anual mostra que 40,9% de todo o lixo gerado no Brasil não tem destinação correta. “Nós tratamos menos de 14% do lixo recolhido no país. São dados que demonstram o lado mais perverso da política do setor”, continuou.

Em 2018, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) coletou dados em todas as regiões do país e concluiu que os brasileiros sabem da importância do tratamento do lixo, porém, não costumam praticar atos simples. Segundo o levantamento, 98% das 1.816 pessoas entrevistadas enxergam a reciclagem como algo importante, mas 75% responderam não separar seus resíduos no dia a dia.

Lixão a céu aberto.

Já de 2016 para 2017, a geração de lixo cresceu 0,48% por pessoa no Brasil. Diante dos dados, Danilo Forte ressaltou a importância da criação de políticas públicas que envolva os brasileiros no processo. “O problema tem muito a ver com a conscientização e a cobrança da população. Infelizmente, o lixo e o saneamento básico são tratados até pela população com muita falta de comprometimento”, lamentou.

Atualmente, 3.352 municípios do Brasil não dão destinação correta ao lixo coletado, com 1.610 cidades usando lixões como destino final de seus resíduos sólidos. “Os orçamentos dos estados também precisam estar focados nessa questão. Hoje se sobra pouco para investir na área. Estamos esquecendo o básico para a longevidade e redução da mortalidade infantil, que é o tratamento do lixo e cuidados com saneamento básico”, afirmou Forte.

Informação ASCOM/GAB. (Danilo Queiroz – https://bit.ly/2yxL44d)

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