Doações empresariais obtidas pelo ex-deputado passaram pelas contas do partido, comandado pelo atual presidente
Michel Temer e Eduardo Cunha (foto de 2015) |
Um dia antes de ser preso, Cunha disse que estava disposto a delatar “os traidores”
Auxiliares do Palácio do Planalto reconhecem a possibilidade de que uma delação premiada negociada por Cunha resvale nessa função de Temer, então candidato à reeleição como vice na chapa de Dilma Rousseff. Seus principais aliados ressaltam que ele jamais tomou conhecimento de qualquer ilegalidade na arrecadação e que todas as doações empresariais que Cunha direcionava para o partido foram registradas na Justiça Eleitoral. O Planalto reconhece, por outro lado, que uma delação que indique que o dinheiro teve origem em negociações ilícitas ligadas ao petrolão criaria um constrangimento político ao presidente da República, que sempre negou envolvimento com o esquema do qual expoentes do PT são acusados de participar.
Na sede do governo, a potencial delação premiada após a prisão é vista como uma saída provável para Cunha. Aliados de Temer acreditam que esse risco passou a ser uma das únicas fontes de poder do ex-deputado, que viu sua influência ser esvaziada ao longo do processo que levou a sua cassação no plenário da Câmara, em setembro, por 450 votos a 10. Alguns de seus antigos aliados que o abandonaram ao longo do processo circularam nesta quarta-feira pelo Palácio do Planalto. Todos classificaram a probabilidade de delação como alta, mas levantaram dúvidas de que ele terá sucesso nas negociações com a procuradoria.