O professor Fabiano Guilherme
Santos, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, avalia que
“mensalão e CPMI não são temas que constam no horizonte de preocupações do
cidadão comum”

Brasília – Se o
eleitorado brasileiro mantiver o pensamento atual, nem o julgamento do processo
do mensalão e nem a CPMI do Cachoeira deverão influenciar de forma
significativa as eleições municipais deste ano. De acordo com o professor
Fabiano Guilherme Santos, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), esses debates interessam apenas
a um percentual da elite, considerado parte quase inexpressiva do
eleitorado. 
“As pesquisas que
temos observado indicam que mensalão e CPMI não são temas que constam no
horizonte de preocupações do cidadão comum. Eleições locais envolvem temas
locais que afetam diretamente o dia-a-dia das pessoas que convivem nos
municípios”, justifica. 
Em relação ao
mensalão, ele acredita que uma mudança no cenário ocorrerá se as lideranças
petistas, preocupadas com possíveis efeitos do processo, decidirem
redimensionar as candidaturas lançadas pela sigla. 
Segundo ele, o PT,
maior afetado pelo julgamento, possui grandes planos de ampliação de bases para
2012, o que o colocaria sob grande pressão. “O poder nacional da sigla não tem
correspondência no âmbito dos municípios. É o maior partido nacional, com maior
número de deputados, segundo maior em senadores, mas o quarto em número de
prefeituras”, acrescenta. 
Já a CPMI do
Cachoeira, na avaliação de Fabiano Guilherme, não deverá provocar impactos
significativos porque não envolve diretamente nomes colocados para a disputa. A
não ser, claro, que as investigam exponham novos políticos. “Até agora, talvez
o Eduardo Paes [candidato à reeleição pelo PMDB], no Rio de Janeiro, saia um
pouco arranhado, por causa das suas relações com o governador Sérgio Cabral, do
mesmo partido, que é citado nas investigações. Mas é um caso pontual”,
avalia. 
Segundo ele, a
variável decisiva no debate pré-eleitoral continua sendo a avaliação das
administrações locais. “Desde que a reeleição foi aprovada, a avaliação é o
determinante. Se é boa, a tendência é de reeleição ou, no caso do impedimento
desta, da eleição de um sucessor. Se a avaliação é ruim e o atual administrador
encara a reeleição, o resultado é mais incerto. O cenário mais interessante,
contudo, é quando o prefeito não pode se reeleger e não é bem avaliado. Aí,
fica totalmente aberto”, avalia. 
Fabiano afirma que
este é o caso, por exemplo, da disputa pela prefeitura de São Paulo. “Há uma
grande insatisfação com a administração atual, de centro, mas o eleitorado é
reconhecidamente conservador. Portanto, o que precisa ser avaliado é se a
insatisfação atual é suficiente para fazer decolar uma candidatura de
esquerda”, analisa. 
Para o professor,
no atual momento, o que mais chama a atenção em relação às campanhas municipais
é o desinteresse generalizado dos eleitores. “A campanha ainda não começou, o
que comprova que elas ocorrem em período de tempo cada vez mais curto no país.
Reflexo, também, da institucionalização do processo democrático brasileiro”,
acrescenta. 
Com informações:
Carta Maior

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