Que balanço pode ser feito sobre a atuação dos partidos políticos, no ano que terminou? Desastroso, diriam uns. Insuficiente, para outros. Claro que nas opiniões não se incluirão os líderes e dirigentes das legendas, seja porque em grande maioria tiveram realizados seus objetivos pessoais, seja porque costumam enganar-se tanto quanto o avestruz, que enterra a cabeça na areia em meio à tempestade.
Tome-se o PT, que iniciou 2011 sob a euforia da posse de Dilma Rousseff na presidência da República. Preservaram ministérios, avançaram sobre presidências e diretorias de empresas estatais e preencheram a maioria dos 35 mil cargos federais em comissão, sem concurso, espalhados por todo o território nacional. Não apenas elegeram a sucessora do Lula, mas a maior bancada na Câmara dos Deputados e a segunda no Senado. É verdade que em matéria de governadores, só cinco em 27, no caso Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Bahia, Sergipe e Acre.
Não poderia faltar nessa resenha o PMDB, outrora maior partido nacional, aríete de todos nós na derrubada da ditadura. O antigo MDB transformou-se em viveiro de urubus, ávidos de ganhar a carniça deixada pelo PT. Transformado em vice-presidente da República, seu líder principal, Michel Temer. Dispõe da maior bancada no Senado, aliás dividida entre oito saudosistas da luta anterior e outro tanto de acomodados. Na Câmara, já perdeu a supremacia, e nos governos estaduais, ficou apenas com o Rio de Janeiro, Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ficará a perigo caso não eleja prefeitos de capitais importantes.
Em seguida vem o PSDB, esquadrilha de tucanos sem plano vôo, depenados nas últimas três eleições presidenciais e sem controle do Congresso, ainda que mantendo os governos do Paraná, São Paulo, Minas e Tocantins. Fazendo oposição desconexa, perdem a oportunidade de sensibilizar parte da opinião pública por conta dos erros do governo federal. Já era para o partido ter definido, senão o seu candidato para 2014, ao menos o perfil e os projetos de quem o representará. A confusão, porém, é tão grande que lembra a história do cidadão que colocou um monte de grilos numa caixa de sapato e no dia seguinte, quando abriu, não havia mais nenhum: uns tinham comido os outros.
Depois, o DEM, ex-PFL, antiga Arena, que anda à procura de uma nova sigla, porque a atual não pegou. Apesar de bissextos e competentes adversários do palácio do Planalto, como Demóstenes Torres e José Agripino, o partido anda em clima de fim de festa. Só elegeu os governadores de Santa Catarina e do Rio Grande do Norte. Nos últimos meses assistiu a debandada de parte de seus deputados para o recém-criado PSD, de Gilberto Kassab, e por razão muito simples: os Democratas cansaram de fazer oposição, alguns procuram lugar sob o guarda-chuva do governo, objetivo do prefeito paulistano. Já que os tucanos, seus aliados, não ganham, para que ficar na sua cola?
O Partido Socialista deu a impressão de constituir-se em algo novo, nesse picadeiro esfarrapado, tendo em vista a liderança do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes. Governa ainda o Espírito Santo e o Ceará, este com Cid Gomes, mas aqui começam os problemas. O irmão do governador, Ciro, gostaria de disputar mais uma vez a presidência da República, garfado que foi pelo Lula nas eleições passadas. O problema é que Eduardo Campos também quer e os dois, mesmo sem ser tucanos, começaram a bicar-se.
O lugar seria de examinar os trabalhistas, PTB e PDT. Pobres Getúlio Vargas e Leonel Brizola, se estiverem olhando, lá de cima. O PTB, liderado pelo mensaleiro Roberto Jefferson, sequer apresentou um projeto de melhoria das condições do trabalhador. Nenhum reclamo pela merreca do novo salário mínimo, de 622 reais. Faz parte do governo, engole o que vier e nem mesmo um ministro possui. Já o PDT passou pela máquina de moer carne e não se recompôs, desde que seu presidente, Carlos Lupi, viu-se obrigado a renunciar. Nenhum dos dois partidos trabalhistas possui governadores.
O PP sobrevive, não apenas à sombra do palácio do Planalto, que por passe de mágica até agora sustentou Mário Negromonte no ministério das Cidades, mas em função de um milagre chamado Francisco Dornelles, dos mais respeitados senadores e homem público. Sozinho, porém, luta uma batalha inglória, sem governadores. Para cada lado que se vire, colhe problemas, entre eles Paulo Maluf.
Sobram outros partidos, alguns com um ou dois deputados, todos lutando pela sobrevivência, mas a conclusão é de que nenhum deles, dos pequenos aos médios e aos grandes, disse a que veio em 2011. Quem sabe em 2012?
com informações:
com informações: