Um orgasmo é o pico da excitação sexual – quando todos os músculos que foram contraídos durante a excitação sexual relaxam

Diversas pesquisas já revelaram que muitas mulheres têm dificuldade para atingir o orgasmo. Uma delas, mostrou que somente 36% das brasileiras atingem o clímax durante o sexo. Para a maioria, a masturbação é o melhor caminho para chegar lá. Um número expressivo, no entanto, simplesmente não consegue gozar.

De acordo com a ginecologista e sexóloga Carolina Ambrogini, coordenadora do Projeto Afrodite, do Centro de Sexualidade Feminina da Unifesp, estima-se que 20% das mulheres tenham anorgasmia. Essa disfunção sexual caracteriza-se pela dificuldade de atingir o orgasmo por pelo menos seis meses, de uma maneira que traga sofrimento para a pessoa.

A anorgasmia tem três tipos. Ela pode ser primária, quando o indivíduo nunca alcançou o auge da relação sexual. Pode ser secundária, quando a pessoa já teve orgasmo, mas, por algum motivo, não consegue mais chegar lá. Também pode ser situacional. Nesse caso, a mulher só goza em situações específicas, como a masturbação.

“A anorgasmia pura ocorre quando a pessoa fica excitada, mas não consegue atingir o ápice do prazer”, explica a médica. “O orgasmo não acontece do nada. Ele é um reflexo medular. É como uma montanha que a pessoa escala até alcançar o topo, que a gente chama de platô orgásmico.”

A psicóloga e sexóloga Cristiane Yokoyama pontua que essa disfunção precisa ser tratada: “Uma mulher que consegue ter orgasmo e prazer na vida sexual eleva sua autoestima e previne a tristeza, a depressão e a ansiedade. O orgasmo é um excelente veículo para aliviar o stress”.

Causas físicas da anorgasmia

As causas da anorgasmia dividem-se entre físicas e psicológicas. No primeiro grupo, elas reúnem lesões medulares que interrompem a comunicação com o clitóris e doenças neurológicas e vasculares, como o diabetes avançado.

A diminuição significativa dos hormônios estrogênio e testosterona também pode levar à atrofia do clitóris, dificultando o orgasmo. O motivo mais comum, porém, é o uso de antidepressivos, um tipo de anorgasmia secundária.

Cristiane Yokoyama aponta ainda as dores crônicas — desencadeadas por moléstias como a enxaqueca e a fibromialgia — como uma barreira para o prazer. Abuso de drogas, lícitas ou ilícitas, também podem dificultar o clímax.

Causas psicológicas que podem atrapalhar o orgasmo

Já as causas psicológicas são preponderantes na anorgasmia. Carolina Ambrogini as separa em três categorias, sendo a primeira a falta de conhecimento, motivada por fatores como a família e a religião.

“Se a pessoa é inibida culturalmente, não se conhece. Ela vai para uma relação sexual sem ter nenhuma noção do próprio corpo e joga todo o prazer na mão da parceria. Na realidade, porém, o prazer é uma descoberta individual”, aponta a sexóloga da Unifesp.

Para a médica, indivíduos que sofreram traumas, abusos e violências também se enquadram nesse grupo. Lembranças negativas podem afetar a experiência do gozo.

A ansiedade é outra causa significativa. Mulheres ansiosas, focadas em pensamentos intrusivos, podem ter dificuldades em sentir o corpo e, portanto, em atingir o orgasmo. Elas estão tão preocupadas em gozar que não conseguem escalar a montanha do prazer até o cume.

A preocupação com o desempenho na cama também pertence a essa classe. A sociedade contemporânea, com suas expectativas performáticas, coloca pressão sobre as mulheres para atingirem orgasmos múltiplos e até mesmo ejacular.

O terceiro grupo é composto por indivíduos controladores, que têm dificuldade em se entregar ao momento de prazer.

“A mulher moderna é frequentemente sobrecarregada com expectativas sociais e pessoais, desde os papéis tradicionais até as pressões estéticas. Tudo isso contribui para a ansiedade e o stress, afetando diretamente a sexualidade”, diz a psicóloga.

Estratégias para combater a dificuldade de chegar ao clímax

Para lidar com a anorgasmia, Carolina Ambrogini recomenda que as mulheres invistam no autoconhecimento, explorando suas fantasias sexuais e entendendo o que as excita. Além disso, é crucial ter uma comunicação aberta com a parceira. A entrada na relação deve ser vista como uma oportunidade de troca e conexão afetiva, aliviando a pressão de atingir o orgasmo.

A importância de desfrutar o momento, sem a obrigação de alcançar o orgasmo, é destacada, especialmente para mulheres ansiosas. Estratégias como exercícios de meditação e mindfulness são sugeridas para permitir que as mulheres aproveitem a experiência sem ansiedade.

Cristiane Yokoyama destaca que, no corpo feminino, o orgasmo pode acontecer a partir do estímulo de várias regiões, não somente do clitóris.

“É claro que o caminho mais fácil de atingir o orgasmo é pelo estímulo da região clitoriana, por causa das terminações nervosas dali. Mas a mulher não precisa ficar somente presa à vulva e ao canal vaginal. Nós podemos ter orgasmo com massagem na parte interior da coxa, nos pés, no pescoço, na nuca, por exemplo”, afirma a psicóloga.

Uma pesquisa, feita com 1370 mulheres brasileiras descreveu que, entre as principais dificuldades na intimidade sexual, está a pressão que as mulheres ainda sentem para chegar ao orgasmo durante a penetração – mesmo que a maneira não seja a que mais as levam a ele.

Com Informação G1/Marie Claire

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