Se confirmada, será a primeira redução da taxa Selic em quatro anos. Mesmo com corte, Brasil continuará na liderança mundial dos juros reais.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem seu segundo dia de reunião nesta quarta-feira (19) e a expectativa dos economistas do mercado financeiro é de que, ao final dela, seja anunciada a redução dos juros básicos da economia, atualmente em 14,25% ao ano. Se confirmado, será o primeiro corte nos juros em quatro anos.

Apesar de grande parte dos economistas preverem uma redução na taxa Selic, não há consenso sobre o tamanho do corte. Alguns estimam uma diminuição de 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano. Outros preveem um corte mais ousado, de 0,50 ponto percentual, o que levaria a Selic para 13,75% ao ano.

Para os economistas dos bancos, este será o primeiro de uma série de cortes nos juros básicos da economia. A estimativa é de que o Copom, que se reúne a cada 45 dias, continuará a reduzir a Selic até setembro de 2017, quando a taxa deverá estar, pelas previsões, em 11% ao ano.

O Banco Central toma as decisões sobre a taxa de juros olhando para a frente e tendo como objetivo cumprir as metas de inflação previstas pelo sistema em vigor no país. Para 2016, 2017 e 2018, a meta central é de inflação em 4,5%. Entretanto, o sistema prevê um piso e um teto, que é de inflação em 6,5%, em 2016, e em 6% em 2017 e 2018.

Isso significa que se a inflação deste ano, por exemplo, superar o alvo central de 4,5% mas ficar abaixo de 6,5%, o BC terá cumprido a meta. Entretanto, mercado estima um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao redor de 7% para 2016.

As decisões da autoridade monetária sobre a taxa básica de juros surtem efeito pleno em seis a nove meses. Assim, o BC já está mirando, neste momento, a meta de inflação de 2017, e não a deste ano.

A aposta do mercado de que os juros começarão a cair tem por base o cenário de baixo nível de atividade, que se reflete na inflação corrente e nas estimativas para os próximos anos, e também na taxa de desemprego, que segue em patamar historicamente elevado. Além disso, consideram outros fatores, como a aprovação da PEC do teto de gastos públicos em primeiro turno na Câmara dos Deputados, e a redeução do preço da gasolina.

“Não há garantia forte de que a gente consiga convergir para o centro da meta de 4,5% em 2017. O IPCA deve fechar entre 5,5% e 6%, dentro do limite da inflação. Essa expectativa do que está por vir dá essa liberdade de o BC já começar a agir agora”, avaliou o economista da RC Consultores, Marcel Caparoz.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, além da surpresa do IPCA de setembro, que ficou em 0,08%, a PEC do teto avançou “de modo mais confortável do que o esperado, e a Petrobras anunciou redução dos preços de gasolina e diesel na refinaria”. “Os preços dos alimentos no atacado também vêm tendo comportamento benigno. A votação no Copom deve ser consensual”, acrescentou ele em comunicado.

Mesmo com uma redução nesta quarta-feira, o Brasil permanecerá na liderança disparada do ranking mundial de juros reais (calculados com abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses), compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management.

Se o corte for de 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano, a taxa de juros real será de 8,49% ao ano e, se a redução for de 0,50 ponto percentual, para 13,75% ao ano, os juros reais brasileiros serão de 8,25% ao ano.

Segundo economistas, a queda dos juros poderá ajudar na recuperação da economia brasileira – que atravessa a maior recessão de sua história – por meio do aumento da confiança dos investidores e do recuo dos juros bancários. Além disso, poderá resultar em menos pressões de alta do dólar, contribuindo para impedir a volta da inflação no futuro. A redução também resultará em pagamento menor de juros pelo setor público.

Outra consequência do corte da taxa Selic pelo Banco Central, é a redução nas despesas de juros da dívida pública. Mais de R$ 600 bilhões em dívida em mercado estão atrelados à taxa básica de juros da economia. Com sua queda, recua também o pagamento de juros. A estimativa é de que um corte de 0,25 ponto percentual na Selic reduza essa despesa em R$ 1,5 bilhão em 12 meses.

Com informações Do G1, em Brasília

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here