Provável candidato pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, usa sempre a mesma tese de que “a lei é para todos”
A condenação em segunda instância ontem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá aumenta a possibilidade de o petista ser preso e impedido de disputar a sucessão presidencial em outubro, mas ainda deixa o cenário aberto para seus adversários, dificultando a definição de uma estratégia eleitoral.
Com exceção do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que assume o discurso antipetista e se coloca no outro extremo do debate, os demais presidenciáveis que se opõem ao PT relutam em defender uma eleição sem Lula.
Provável candidato pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, usa sempre a mesma tese de que “a lei é para todos, decisão judicial se respeita e adversário não se escolhe”. Mesmo com a decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), o tucano não pretende, ao menos por enquanto, alterar o planejamento traçado até aqui, de se posicionar como o nome da conciliação nacional, da austeridade fiscal e, mais recentemente, como representante do “povo”.
Presente na comitiva de Temer à Suíça, o ministro da Fazenda e também presidenciável, Henrique Meirelles (PSD-SP), não se manifestou ontem sobre o julgamento de Lula. Menos discreto, Bolsonaro postou foto em que aparece na frente da TV comemorando a condenação quando o placar ainda estava 2 a 0 contra o recurso apresentado pela defesa do petista.
Na legenda, o parlamentar classificou a condenação naquele momento por maioria como um “tiro de .50 na corrupção”, em referência ao tipo de munição, uma metralhadora de alto alcance.
No início da noite, o vice-líder das pesquisas afirmou que o resultado “será usado pela esquerda para continuar se vitimizando como fizeram no período militar”. As declarações foram dadas pelo deputado durante transmissão via Facebook realizada na página de um de seus filhos, Flávio, que é deputado estadual no Rio. A transmissão fora anunciada sob o título “Liberdade 3 x 0 Lula”.
“Mais um dia histórico para todos nós. Eu costumo dizer que tão importante quanto você combater a corrupção é você combater o socialismo, e evitar que o Brasil chegue a um ponto tal que não dê para retornar mais. Ouso dizer que, se Dilma tivesse continuado, acho que dificilmente fugiríamos de um regime como está a Venezuela e como está entrando a Bolívia.”
Pré-candidato pelo PPS, Cristovam Buarque (DF) afirmou que a confirmação da sentença contra Lula vai gerar “indecisão” no processo eleitoral. “A primeira consequência (para as eleições) é a indecisão. Vamos participar sem saber quem são os candidatos, quais vão chegar até o final, quais candidatos serão cassados ou não. A segunda é a credibilidade. É óbvio que gera uma perda de credibilidade no processo eleitoral se o candidato que tem mais prestígio neste momento sai por razões jurídicas, mesmo que em um julgamento justo.”
Colega de Senado e presidenciável pelo Podemos, Álvaro Dias (PR) classificou o julgamento como “emblemático”. “Ninguém acima da lei, mesmo um ex-presidente.” A ex-ministra Marina Silva, pré-candidata ao Planalto pela Rede, reiterou apoio ao trabalho da Justiça e afirmou que “todos são iguais perante a lei”. Informações O Estado de São Paulo