O ex-senador Delcídio do Amaral decidiu romper o silêncio de meses e concedeu uma entrevista à Jovem Pan. Mesmo processado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e delator da Operação Lava Jato afirma que Lula acompanhava de perto o que ocorria na Petrobras durante seu governo.
Questionado se “Lula é o pai do mensalão e do petrolão”, o ex-parlamentar do PT ironiza: “Lula nunca sabe de nada, no petrolão também”.
Mas segue a declaração: “Ele era um presidente protagonista, atuante. Tinha um perfil diferente”. “No caso do mensalão, efetivamente, as provas são contundentes, tanto é que foram reconhecidas (…). Ficou muito claro quem era quem nesse processo (do mensalão)”, disse.
“Agora, em relação à Petrobras é inegável. A Petrobras sempre teve influência política. Dizer que isso começou agora não é verdade. Como também corrupção e caixa dois não são privilégio do PT, do PMDB, isso já existe, existia”, ressaltou Delcídio, que também foi ministro de Minas e Energia entre 1994 e 1995.
“No caso do governo Lula, a Petrobras teve uma participação muito mais ampla do governo. Era uma política de Estado, (de ter) a Petrobras como alavancadora do desenvolvimento e do crescimento do País”, recordou o ex-petista.
“Isso naturalmente exigia um acompanhamento claro e um posicionamento muito mais próximo de um presidente da República e de seus ministros do que em outros governos”, salientou Delcídio do Amaral. “Ou seja, Lula acompanhava de perto?”, pergunta o jornalista Claudio Tognolli. “Acompanhava. Isso é claro, isso eu vi bem”, reafirmou.
O ex-senador comentou ainda outra acusação que fez ao ex-presidente em sua delação premiada à Lava Jato. Em seu depoimento à força-tarefa garantiu que partiu de Lula a ordem “expressa” para oferecer dinheiro à família do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, com o objetivo de que este não fizesse delação premiada nem citasse o suposto esquema de compra de sondas superfaturadas pela estatal com o amigo de Lula, o pecuarista José Carlos Bumlai.