Depoimentos sigilosos do homem da mala do PMDB, que detalhou como foram feitos pagamentos de propina de empreiteiras ao presidente do Senado. Ao todo, as empresas repassaram R$ 5,5 milhões ao presidente do Senado e ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA) entre 2004 e 2006 – R$ 11 milhões em valores atualizados. 
O presidente do Senado, Renan Calheiros e Jader Barbalho receberam parte dos R$ 5,5 milhões repassados pelo delator Felipe Parente.

Na badalada Rua Farme de Amoedo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, funcionou até 2007 o restaurante Chez Pierre, no anexo do Hotel Ipanema Plaza. Ali, diante de um cardápio que reunia 102 pratos, Felipe Parente, o homem da mala dos senadores do PMDB, encontrou-se mais de uma vez com Iara Jonas, assessora do Senado, uma senhora de aspecto distinto, sempre elegante. Não afeita a rodeios, sucinta, Iara apenas pegava envelopes, outras vezes sacolas, com o dinheiro que lhe repassava o empresário cearense, parceiro do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado. Parente era um dos responsáveis no PMDB por buscar propina, em dinheiro vivo, junto a empresários que detinham contratos na Transpetro.

Como Sérgio Machado estava no cargo graças ao poder político do PMDB do Senado, e especialmente em função da força de Renan Calheiros, a propina era repassada aos senadores do partido – em especial, ao atual presidente do Senado. A confissão do homem da mala do PMDB fornece a prova mais robusta até agora, no petrolão, contra Renan.

O relato de Parente é minucioso. Nos depoimentos [leia trechos abaixo], o empresário fornece o roteiro, como protagonista, das captações de propina junto a empreiteiras do petrolão, em endereços precisos, as circunstâncias e locais dos cerca de 15 encontros que teve com Iara, identificada por ele como a interlocutora exclusiva das propinas endereçadas a Renan e ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA). O depoimento de Parente é peça-chave na estrutura narrativa que a PGR monta para caracterizar o envolvimento de Renan com o petrolão.

Com a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, percebeu-se a força da metodologia da PGR. Na fundamentação de sua decisão, o juiz Sergio Moro elencou uma dúzia de casos e resultados de investigações que foram conduzidas pela equipe que despacha com o procurador Rodrigo Janot.

No cerco ao presidente do Senado, os relatos de Parente trazem informações que corroboram e dão materialidade às afirmações de Sérgio Machado sobre o loteamento da Transpetro entre os senadores do PMDB, em troca do abastecimento de suas contas por meio de propina paga por prestadores de serviço da empresa estatal. Mais do que isso, os trechos preenchem as lacunas deixadas pelo ex-presidente da estatal e seus três filhos, Daniel, Expedito e Sérgio, nos acordos de colaboração premiada firmados com a PGR. Os repasses relatados pelo delator até este momento têm como origem as empreiteiras Queiroz Galvão e UTC e a empresa de afretamento de navios Teekay Norway, que chegou a dispor de sete embarcações de transporte de petróleo em alto-mar exclusivamente contratadas pela Transpetro.

Parente, que até 2004 era uma espécie de “faz-tudo” da empresa de materiais didáticos de Daniel Machado, filho de Sérgio, passou a manusear cifras milionárias e a interagir com altos executivos das maiores empreiteiras do país. Recebia 5% do valor que transportava entre empresas e intermediários de políticos.

Com os calhamaços de dinheiro em mãos, Parente partia para a execução da entrega, no Rio de Janeiro e em São Paulo – nunca em Brasília. O recebimento era feito por Iara Jonas, uma senhora de 64 anos funcionária do gabinete de Jader Barbalho no Senado. ]

O senador Jader Barbalho negou que conheça Felipe Parente e que tenha recebido repasses provenientes de tais empresas por intermédio dele. Renan Calheiros disse que “jamais, em nenhuma circunstância, recebeu vantagens de quem quer que seja”. Renan disse ainda não conhecer Felipe Parente e não ter nenhuma relação com Iara Jonas, apesar de saber de quem se trata.

Com informações: Época

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