Por Moacir de Sousa Soares

O momento é decisivo e demandará de nós resistência, resiliência e esperança, para superarmos essa terrível pandemia que estamos enfrentando

Não há sensação pior do que o elevado sofrimento psíquico desencadeado pelo medo de uma doença que está, reconhecidamente, na cabeça do povo, como uma forte ameaça à vida. Quando se fala em COVID-19, reina a tanatofobia, o medo de não conseguir um leito de UTI, o pavor de precisar ser intubado, o isolamento da família sem adeus e sem abraços, a sensação de sair dali para ser sepultado em uma vala comum. Sem falar dos temores relacionados aos perversos sintomas da doença, dentre eles, a assombrosa dificuldade respiratória.

Tudo isso produz pânico, forte impacto psicológico e uma ansiedade brutal que, certamente, agrava o quadro da doença e afeta familiares, amigos e conhecidos. A população está aterrorizada por ver, diariamente, em todos os noticiários, que esse vírus está infectando e matando muita gente. Inclusive, nas últimas 24 horas, contabilizaram-se quase 1.200 vítimas no país. Diante desses números, não é possível tolerar piada de mau gosto proferida pela maior autoridade do país, que deveria mostrar-se consternado diante de tanta dor. Tratou-se de uma provocação a nossa capacidade de se indignar.

É sabido que essas três semanas serão duras e decisivas. Dia a dia, os números de infectados e óbitos tendem a baterem recordes. A curva de transmissão chegará ao auge. Essa é uma cruel e inarredável realidade. É justo e oportuno evocar a súplica “Afastai de nós esse cálice”. Que cesse logo essa tormenta. Pois, serão dias longos e pesarosos.

Neste esteio, é determinante o foco na vigilância a saúde em todos os níveis de atenção, no âmbito dos sistemas locais de saúde. Não podemos deixar ninguém retornar aos seus domicílios sem atendimento, notadamente, se há queixa relacionada à COVID-19, independente do seu grau de evolução.

Cabe ressaltar que depois dessa pandemia, a saúde terá outro desafio. Os transtornos de estresse pós-traumático, que virão em grosso calibre. É natural que após uma catástrofe dessa magnitude, esses tipos de sofrimento sejam inevitáveis, pois a população está extremamente afetada. Vamos precisar mais do que nunca um dos outros.

Força e energia para todos que fazem o SUS.

Moacir de Sousa Soares – Psicólogo e Secretário de Saúde de Caucaia – CE

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