O empreiteiro também confirmou que o ex-presidente Lula tinha o apelido de “Amigo” nas planilhas da empresa
Marcelo Odebrecht prestou nesta segunda (10) o primeiro depoimento ao juiz Sergio Moro após ter feito acordo de delação premiada. Entre as declarações, o empresário citou um repasse de R$ 13 milhões em espécie para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em depoimento, Marcelo disse que foram feitos pagamentos ao Instituto Lula que seriam usados em um prédio que abrigaria a entidade e também R$ 50 milhões direcionados à campanha de Dilma Rousseff por meio do ex-ministro Guido Mantega.
A empreiteira tinha uma conta com o codinome “Amigo”, usada para fazer repasses vinculados ao ex-presidente. O repasse de R$ 13 milhões a Lula teria saído dessa conta e foi pago em parcelas ao longo de 2012 e 2013. Na planilha da Odebrecht esses pagamentos aparecem associados a “Programa B”, referência a Branislav Kontic, assessor do ex-ministro Antonio Palocci, e está dividido em seis vezes.
Ainda segundo o empresário, Palocci era o “Italiano” apontado em planilha de repasses de propina da empresa. As propinas eram pagas a Palocci, que foi ministro nas gestões Lula e Dilma Rousseff, e era o principal interlocutor da empresa no governo Lula.
A íntegra do depoimento está sob sigilo, assim como o acordo de delação premiada dos executivos da empreiteira, que ainda não foi tornado público pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Palocci é acusado de interceder em favor dos interesses da empreiteira. A denúncia indica que o pagamento de R$ 128 milhões em vantagens indevidas.
A defesa de Palocci, o advogado José Roberto Batochio, não comentou o teor da audiência, sob o argumento de que ela está em segredo de Justiça.
O Instituto Lula afirmou que o ex-presidente nunca pediu valor indevido à Odebrecht. “Lula não tem nenhuma relação com qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como “Amigo” (…) Por isso não lhe cabe comentar depoimento sob sigilo de Justiça vazado seletivamente e de forma ilegal.”